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Feito é melhor que perfeito? Os impactos do perfeccionismo na sua equipe.

Tempo de leitura: 4 minutos

“Feito é melhor que perfeito”. Fase famosa, atribuída a Sheryl Sandberg, chefe operacional do Facebook, no cargo desde 2008. Sheryl diz que medo e insegurança são fatores que muitas vezes impedem o crescimento na carreira.

Só fui entender melhor os desdobramentos da afirmação acima e os impactos do perfeccionismo nas equipes de projeto, após ler A coragem de ser imperfeito, de Brené Brown. A busca da perfeição faz parte de um arsenal pessoal contra a Vulnerabilidade, e atua como um freio na inovação:

“Perfeccionismo não é se esforçar para a excelência. Perfeccionismo não tem a ver com conquistas saudáveis e crescimento. Perfeccionismo é um movimento defensivo. É a crença de que, se fizermos as coisas com perfeição e parecermos perfeitos, poderemos minimizar ou evitar a dor da culpa, do julgamento e da vergonha.”

“Perfeccionismo não é autoaperfeiçoamento. Perfeccionismo é, em essência, tentar obter aprovação. A maior parte dos perfeccionistas cresce sendo louvada por suas conquistas e seu bom desempenho (notas, boas maneiras, regras cumpridas, trato com as pessoas, aparência, esportes).”

Segundo Brené, o perfeccionismo é um sistema de crença autodestrutivo e viciante que alimenta este pensamento primitivo: “Se eu parecer perfeito e fizer as coisas com perfeição, poderei evitar ou minimizar os sentimentos dolorosos de vergonha, julgamento e culpa.”

O perfeccionismo é autodestrutivo simplesmente porque a perfeição não existe. É uma meta inatingível.

O perfeccionismo tem mais a ver com percepção do que com uma motivação interna, e não há maneira de se dominar uma percepção, por mais tempo e energia que se gaste tentando.

Gostei bastante de uma passagem do livro que cita Voltaire:

“Não deixe o perfeito ser o inimigo do bom.”

O artigo de duas páginas que escrevi com pequenos erros é melhor que o artigo de oito páginas perfeito que não enviei para a revisão. A tarefa que finalizei, conforme planejado, é melhor que aquela que não finalizei, por preocupação em “dourar a pílula” para o cliente, A caminhada de 20 minutos que eu faço é melhor do que a corrida de 4 quilômetros que eu não faço. O jantarzinho com comida japonesa entregue em casa é melhor do que aquele jantar elegante que eu nunca consigo realizar.

O perfeccionismo como uma ferramenta contra a vulnerabilidade, tenta poupar o perfeccionista da vergonha.

A vergonha é o assassino secreto da inovação. Não conseguimos medi-la, mas ela está lá. Sempre que alguém não compartilha uma nova ideia no projeto, que deixa de passar para seus gerentes algum feedback muito necessário ou que tem medo de se expor diante de uma parte interessada do projeto, pode ter certeza de que a vergonha está por trás disso.

Aquele medo profundo que todos temos de errar, de ser depreciados e de nos sentir menos do que o outro é o que nos impede de assumir os riscos indispensáveis para fazer nossos projetos avançarem.

Se você quer implantar uma cultura de criatividade e renovação, em que riscos concretos têm que ser assumidos tanto em nível coletivo quanto individual, comece por desenvolver nos gerentes de projeto a capacidade de estimular a vulnerabilidade em suas equipes, fique atento a busca de perfeição pela equipe.

E o Gerente de Projetos/Líder: Devem eles próprios assumir a vulnerabilidade primeiro. O conceito de que o líder precisa estar “no comando” e “ter todas as respostas” é ultrapassado e paralisante.

A receita para o fracasso é: a vergonha se transforma em medo; o medo conduz à aversão ao risco; a aversão ao risco aniquila a inovação.

De novo, o Perfeccionismo é um movimento defensivo! É a crença de que, se fizermos as coisas com perfeição e parecermos perfeitos, poderemos minimizar ou evitar a dor da culpa, do julgamento e da vergonha.

E por falar em dor

Ei, dor! 
Eu não te escuto mais 
Você não me leva a nada Ei, medo! 
Eu não te escuto mais 
Você não me leva a nada E se quiser saber 
Pra onde eu vou 
Pra onde tenha sol 
É pra lá que eu vou


Dicas finais:

  • Fomente uma cultura positiva na equipe, que não puna erros quando realmente exista a intenção de se fazer algo novo que leve a algum retorno/aprendizado
  • Fique atento a comportamentos perfeccionistas na equipe. Existe a chance deste perfeccionista estar em busca de uma fuga da vulnerabilidade que existe em todos nós.
  • A inovação só é possível quando o medo de falhar/tentar algo novo não existe. Cuide bem de sua equipe!
  • Planeje e organize o aprendizado. O Feito, sem Perfeição, sempre merece melhoria. Use o aprendizado para projetos, tarefas e desafios futuros.
  • “Feito é melhor que perfeito!”

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