A Copa do Mundo e o Sucesso em Projeto: STAKEHOLDERS

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No artigo anterior, falei um pouco sobre a primeira dimensão do tema “Sucesso em Projeto”: os Benefícios. A Copa acabou, mas ainda temos muitas lições para aprender. Agora é a vez dos Stakeholders!

Stakeholders, na definição clássica, significa “pessoas e organizações que estão ativamente envolvidas no projeto ou cujos interesses podem ser afetados positiva ou negativamente pelos resultados do projeto”. Quais seriam, então, os principais stakeholders da Copa do Mundo 2014?

  • A FIFA – dono (owner) do evento;
  • A CBF – Confederação Brasileira de Futebol;
  • O governo brasileiro;
  • Os patrocinadores e fornecedores do evento;
  • O povo brasileiro;
  • Os turistas, brasileiros e estrangeiros;
  • Os países participantes e suas equipes;
  • As cidades sede
  • A equipe da organização;
  • Os Voluntários;
  • A Mídia em geral (TV, rádio, jornal, web sites, etc).

 

O Gerenciamento de Stakeholders inclui a identificação dos principais stakeholders e desenvolvimento de uma estratégia adequada de comunicação, considerando, pelo menos, o engajamento dos stakeholders, o gerenciamento das expectativas e a obtenção da aceitação dos objetivos do programa.

Vejamos, então, peculiaridades de alguns desses stakeholders:

A FIFA, proprietária do evento, talvez o maior evento do mundo, inclusive em lucratividade, tem a visão de empreendimento privado condicionado a diversas regras e restrições necessárias para o sucesso do projeto. A edição brasileira é mais lucrativa entre as 20 edições da história das Copas.

Na minha opinião, o Gerente do Projeto foi o Sr. Jerome Valcke, o secretário-geral da Fifa. Costumo questionar se o Gerente de Projeto deve ser um incendiário, que provoca conflitos e faz cobranças incisivas ou um bombeiro, que tem habilidade de contornar situações e navegar em mares revoltos. O Sr. Jerome Valcke, pelo que foi amplamente noticiado na imprensa, foi um Gerente Incendiário ao cobrar com veemência as obras e agilidade do governo brasileiro. Concordam que, se o evento é um sucesso, o gerente merece o seu crédito?

O governo brasileiro foi o fiador das ações comprometidas pela CBF, uma espécie de sponsor, e sob sua responsabilidade ficaram os projetos de vulto, como adequação de aeroportos, estádios e obras de mobilidade. Qual seria a expectativa de retorno? Além dos retornos diretamente ligados à realização do evento, como geração de empregos e atração de turistas estrangeiros, outros como a visibilidade internacional, o aproveitamento do legado e o desenvolvimento de negócios deverão ser objeto de apuração no médio e no longo prazo. Mas, como foi o relacionamento entre a FIFA e o governo brasileiro, stakeholders chave desse evento? Aparentemente muito difícil, especialmente no início, quando a máquina governamental, seja federal, estadual ou municipal, ainda estava, como de costume, muito emperrada.

E o povo brasileiro? Houve diversas pesquisas para saber se o povo brasileiro queria a realização da Copa do Mundo no Brasil. O resultado pendeu ora para um lado ora para o outro. Entretanto, com o decorrer do evento, a aceitação ficou evidente. O ponto crítico é verificar se houve uma gestão desse importante stakeholder, um dos principais clientes. As circunstâncias apontavam para um cenário negativo, por meio de manifestações, insegurança e altos preços de ingressos. Como lidar com isso? Um forte plano de comunicação lastreado de políticas sociais poderia ter sido um bom começo?

Pesquisas indicam que os turistas, estrangeiros ou brasileiros, ficaram muito satisfeitos e tiveram suas expectativas superadas. A hospitalidade, generosidade e receptividade do povo brasileiro extrapolaram as previsões. Aqui, também, reside um ponto relevante. Será que esse comportamento era realmente esperado ou foi uma surpresa? Aprendi que surpresas, mesmo as boas, não são bem vindas. Afinal, gato escaldado tem medo de água fria.

Esse assunto é muito extenso e temos muitos outros pontos a serem abordados, como a mídia nacional, o retorno para fornecedores e patrocinadores, etc. Infelizmente é difícil poder abordar tudo isso em um único texto. A propósito, agradeço muito àqueles que me enviaram considerações sobre o artigo anterior.

Vamos em frente…